Mora - onde até o passado acontece!
O jornal Público de ontem, 14 de Setembro, trazia uma notícia sobre a inauguração do Museu dedicado aos vestígios megalíticos no nosso concelho. Deixo-vos as eloquentes palavras do jornalista Carlos Dias. Sobretudo, visitem assim que tenham oportunidade!
Mora, um dos concelhos mais ricos em vestígios megalíticos do país, já tem o seu museu temático.
A nova proposta museológica que abre ao público nesta
quinta-feira, tem expostas mais de 100 peças megalíticas recolhidas no
concelho e cedidas por outros municípios.
A abertura do novo Museu
Interactivo do Megalitismo, que o município de Mora instalou na antiga
estação da CP daquela localidade, vai abrir ao público nesta
quinta-feira. Durante uma semana, a população do concelho vai poder
visitar o espaço museológico sem pagar a entrada “para que nenhum
morense possa dizer no futuro que não conhece a nova oferta museológica
do concelho”, vincou a autarquia do norte alentejano.
A
instalação da nova unidade museológica implicou a remodelação total da
antiga estação ferroviária e envolveu um investimento de 2,5 milhões de
euros, comparticipado em 85% por fundos comunitários.
O museu
megalítico possui um espólio que representa os períodos mais antigos do
Neolítico, de há cerca de 6500 anos, altura em que as primeiras
comunidades de agricultores se instalaram no interior alentejano e
inclui mais de 100 peças megalíticas recolhidas no concelho.
O
concelho de Mora já se tornara internacionalmente conhecido neste
capítulo há mais de um século, sobretudo através dos trabalhos
realizados em centenas de monumentos escavados pelos arqueólogos
Virgílio Correia e Manuel Heleno. As suas pesquisas no megalitismo
“representaram, para as respectivas áreas de estudo, um manancial de
informação manifestamente subaproveitado, sobretudo por se encontrarem,
em grande parte, inéditas”, realçou a arqueóloga Leonor Rocha no seu
livro As origens do megalitismo funerário alentejano. Revisitando Manuel Heleno.
Os
achados arqueológicos efectuados ao longo do século XX nas freguesias
do município de Mora têm permitido perceber a riqueza megalítica
existente na área do concelho. Este facto faz com que seja já
considerado como um dos mais ricos do país nesta área do conhecimento.
Aliás,
a região do centro alentejano acolhe um importante acervo de monumentos
megalíticos que constituem, em diversos aspectos, “um dos conjuntos
mais peculiares, à escala peninsular e mesmo europeia”, assinalam os
arqueólogos Manuel Calado e Leonor Rocha, no texto Parque do Megalitismo de Évora: uma utopia alentejana”.
A
sua importância tornou-se muito relevante nas últimas décadas com a
identificação de um conjunto de monumentos que são únicos na Península
Ibérica, como o Alinhamento e Necrópole do Monte da Têra (Pavia) ou o
Cruciforme Megalítico do Alto da Cruz (Brotas). Este último foi alvo de
reportagem da revista National Geographic em 2013 por ser caso único.
Foi
o enorme valor do acervo arqueológico concentrado em Mora que motivou o
município local para proceder à instalação de um Núcleo Museológico do
Megalitismo. Luís de Matos, presidente da autarquia adiantava em
Dezembro ao PÚBLICO que o espólio “é substancialmente maior do que o
existe no Museu Nacional de Arqueologia”.
O autarca disse ainda
que o novo museu, cuja construção foi iniciada em Junho de 2014 -
“precisamente no ano em que se assinalaram os 100 anos do início das
escavações arqueológicas no concelho de Mora” -, vai expor "um elevado
número de peças arqueológicas que se encontram em Lisboa acondicionados
em caixotes, privando o público da sua apreciação”.
O novo museu
recria em 3D a área envolvente das escavações efectuadas no terreno
pelos arqueólogos. As paredes servem de suporte à informação gráfica
impressa e todos os espaços têm vitrinas para exposição dos objectos
mais emblemáticos, que reportam de há 5000 a 3000 anos a.C., painéis de
explicação com textos e imagens e alguns equipamentos multimédia. Uma
das inovações será um holograma de um homem das cavernas.A instalação do núcleo megalítico visa ainda complementar a oferta gerada pelo fluviário de Mora, outro contributo importante para a valorização turística do concelho e inaugurado em 2007. O elevado número de forasteiros num concelho com cerca de 5 mil habitantes tem tido importante impacto económic, sobretudo no sector da restauração e nas 10 unidades hoteleiras que no seu conjunto oferecem 150 camas.
"Mesmo
assim, metade das pessoas visita o fluviário e vão-se embora, quando
nós queremos que fiquem mais tempo e deixem mais algum dinheiro na nossa
terra”, observa o autarca, frisando que o novo museu “vem reforçar o
panorama turístico e cultural, tornando o concelho ainda mais
atractivo”.
boa! Viva Mora e a sua pré-história.
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