N2 - O relato emocionante de uma caminhante que passou por Brotas

 

Mónica Cunha saiu de casa a 15 de Maio para se aventurar pela N2 e fazer de Chaves a Faro em três semanas. Já não é a primeira vez que o faz, mas volta a fazê-lo com muito entusiasmo. Treze dias depois chega a Brotas. Adorou. Poderia ser de outra forma?

Leiam o relato da sua experiência neste lugar encantado e encantador.
 
28 de Maio
 
"Não sei bem definir este dia. Foi um dia intenso. Começou e terminou de forma fantástica. Levantei-me mais cedo que o normal, desfiz a tenda, despachei-me e quando ia a sair do parque reparo que aquela indicação que nos dão para colocar na tenda estava precisamente dentro da tenda. Toca de abrir a mochila, tirar a tenda, procurar, devolver, colocar tenda e fechar mochila. O grupo de Motards que ali estavam para também sair do parque, pergunta se sou eu que estou a fazer a nacional 2. Digo que sim. Tiramos fotos. Desejo-lhes boa viagem e sigo. Numa recta antes de chegar a Montargil, estão um grupo de jovens com roçadeiras. Um deles pergunta o que ando a fazer de mochila às costas. Explico. Pergunto como se chama mas não consigo entender. Diz que é indiano. Ele também pergunta qual o meu nome. Mónica - respondo. Na Índia há muitas Mónicas - diz.
 
Sigo e percebo que está a dizer algo. Digo-lhe que não consegui perceber e ele repete: "Eu estou feliz por ti".
 
Como ainda não tinha tomado o pequeno almoço, páro no primeiro café que vejo. O grupo de Motards também lá está. Agora está o grupo completo são 10 e um casal é de Torres Vedras. Mais uma fotografia de grupo e depois o Carlos Magalhães(parece-me o líder do grupo) diz:
"Venha daí que ainda não tomou o pequeno almoço." Eles seguem directamente para Faro. Eu daqui a uma semana estou lá. 
 
Sigo acompanhada pelo lago de Montargil. Chego ao café da Bomba onde conheço os proprietários, Margarida de Torres Vedras e o marido João Luís. Que surpresa boa! Mais conterrâneos! A Margarida fala-me de um sr. Joaquim Figueiredo que também faz muitas caminhadas pelo mundo. Saio de lá com um chocolate e uma empada de galinha. Ao sair do café mais um grupo de Motards. São dos Campelos. Vou caminhando, encontrando algumas sombras e do meu lado direito vejo uma pista de aterragem. Atravesso a estrada para filmar e mais à frente vejo que é um aeródromo. Volto a passar para o meu lado da estrada e como vem aí uma pequena subida, o corpo a dar sinal de falta de alimento, sento-me a comer o chocolate e a empada. Sigo caminho e ao começar a descer percebo que Mora está perto. Já vejo as casas ao longe. À esquerda é o Fluviário de Mora. Chego à hora de almoço e procuro um restaurante. Almoço bem no restaurante do Hélder Ganhão, uma açorda de ovo com muitos coentros. Uma delícia. É também ali que o sr. José Vinagre, proprietário do restaurante O Poço, me encontra, me dá o contacto da Maria das Casas da Romaria e me pergunta se quer que leve já a mochila para não ir tão carregada. Agradeço mas tenho de ser eu a levá-la até ao destino. Termino a refeição e saio do restaurante com várias ofertas do km 478 da nacional 2. 
 
Vou à procura de uma caixa de multibanco. Nenhuma está a funcionar pois devido a obras que estão a fazer houve um corte de energia. Procuro como seguir para Brotas e é o Joaquim Caramujo (caracol do mar ou burrié) que me dá indicações. Também fez de bicicleta a nacional 2 com um colega. Posso encontrar a sua aventura no YouTube, nacional 2 com atrelado. O Joaquim diz que só faltam 8kms. Isso é canja, mais duas horas e estou em Brotas. Mas com o calor que está não está fácil chegar. Uma carrinha pára. É a Maria das casas da Romaria. Diz-me que vai só buscar o filho a Mora. Um pouco mais adiante, um carro pára ao longe com os 4 piscas ligados e sai uma jovem a dizer: "Mais uma campeã da nacional 2". Faz-se luz na minha cabeça e percebo que é a filha do sr. José Vinagre. Ela diz:" Os meus clientes estão a sair do restaurante e ligam-me a dizer que tu já aí vens. Queres que leve a mochila?" 
 
A Maria regressa com o filho e diz que só falta um quilómetro e meio. "Espero por ti lá em baixo". Eu estou um pouco atordoada e penso:"Que terra é esta, em que todos são tão simpáticos, tão atenciosos? “. Mal chego vou conhecer a igreja de Nossa Senhora de Brotas. Lindíssima e muito fresco o seu interior.
Fico extasiada quando entro numa das casas de Romaria, onde vou pernoitar. Decoração tipicamente alentejana, os móveis, as camas, os cortinados, tudo a rigor. Um encanto. 
 
Tomo banho e aproveito para descansar. Combinei estar às 19h no restaurante do sr. José Vinagre. Vou subindo e procuro um multibanco. Pergunto a umas senhoras. Estão a indicar-me o lugar quando aparece de carro a Grace, também filha do sr. José. "Entra que eu levo-te."g diz. Entrei. Fomos. O multibanco não estava operacional. Fomos ao Ciborro que fica a 10 kms, dirija-se ao próximo multibanco. Voltamos para Mora e finalmente consegui. Mas que aventura. A Grace é uma simpatia. Uma miúda cheia de energia e super prestável. Parámos no restaurante do pai. Janto muito bem, umas belas migas de espargos com carne. Só foi pena não poder acompanhar com um belo vinho. Fica para a próxima, pois vou de certeza voltar. Obrigada por tudo família Vinagre.
 
29 Maio
 
Saí de Brotas já muito tarde. Talvez por me sentir ali tão bem, fui adiando a partida. Tomei o pequeno almoço às 7h30 num espaço encantador. Conversei com a Maria das Casas de Romaria, fomos tirar uma fotografia. Eram perto de 9h quando me pus a caminho."
 
Publicação de foto e texto com a permissão de Mónica Cunha 
 
SOBRE BROTAS VEJA TAMBÉM
 
 
 

Comentários

Mensagens populares