A história da Oliveira Aleixa de Pavia


 
A Oliveira Aleixa
Miradouro de Pavia
 
A história da “Oliveira Aleixa” tem mais de dois séculos de história e prende-se com a existência nas imediações de Pavia de um ou mais fornos de cal – num sítio ainda hoje chamado de “ Forno da Cal” – e remonta ao final do séc. XVI ou à primeira parte do séc. XVII. 
 
A cal que ali se fazia era de excelente qualidade. Em 1708 – o Padre António Carvalho da Costa passando por Pavia, escreveu na “Corografia Portugueza”: ” É esta vila abundante de pão, azeite, gado e caça, com muitas colmeias e tem a melhor cal, que há no Reino, especialmente para obras de água.” Portugal vivia sob o domínio de Espanha – era o tempo do Reis Filipes e foi então entendido que a cal fabricada nos fornos de Pavia, seria levada para Espanha. O seu transporte era feito em carros de bois que dali saiam, atravessando a povoação em direção à fronteira de Elvas, onde se encontravam outras juntas de bois e respetivos carros, vazios, vindos do outro lado e que dali eram trocados pelos carregados com a nossa cal. Os vazios regressavam a Pavia, voltando à fronteira com novos e sucessivos carregamentos. Este movimento envolvia diariamente um número significativo de carros que, a um ritmo lento, fácil de imaginar, lá iam escoando a cal tão desejada por Espanha. Segundo consta, a cal de Pavia terá sido utilizada na construção do Mosteiro de São Lourenço de Escorial – perto de Madrid – e que por lá existe uma lápide escondida que faz referência à origem da cal – Pavia
 
Os proprietários: Os fornos pertenceram em tempos ao senhor José António Aleixo Paes. Após a sua morte, ficaram por herança à sua filha Joana Benedita de Saldanha e Pegas, ficando conhecida entre o povo por Joana Aleixa
 
Joana Aleixa tomava o controlo do negócio sentando-se debaixo da sombra de uma oliveira a fazer “meias de quatro agulhas” e observando atentamente o fumo que saía dos fornos. A qualidade da cal era boa quando o fumo era mais branco. Joana Aleixa era bastante rica e os pobres de Pavia sabiam onde a encontrar – junto à oliveira…e ali iam pedir e receber ajuda. Quando Joana Aleixa  faleceu os fornos foram herdados pelo senhor Joaquim Pedro Rebelo, que supostamente os terá desativado. Posteriormente terão sido herdados por D. Ana de Jesus de Siqueira e Aragão Rebelo – atual proprietária dos ferragial onde existem as ruínas dos antigos fornos da cal de Pavia
 
E assim se tornou a razão do nome que o povo deu à oliveira da sua preferência – a OLIVEIRA ALEIXA e a conhecemos ainda hoje.
 
Curiosidade: D. Joana casou com Joaquim António Rebelo de Siqueira e Aragão e foi residir para Pavia. Teve 3 filhos: Ana Inácia Rebello, Joaquim Pedro Rebello – gémeo com seu irmão José Miguel Rebello. Joaquim Pedro Rebello casou com Rosa Maria Teles da Guerra e tiveram 2 filhas – Ana de Jesus e Joana Benedita  – em memória de sua avô: Joana Aleixa
 
Localização: Encontramos a OLIVEIRA ALEIXA num terreno público ao descer pela rua do Largo da igreja Matriz para os antigos fornos da cal de Pavia e para a rua da fonte. Ali está ela…à esquerda…escondida e tímida ! Sozinha…uma vez que estrada de terra batida a separa de suas irmãs, plantadas ali no ferragial ao lado – propriedade particular. Diz o Povo que estão ali há séculos!   

Fonte | Lendas e histórias de Pavia

Foto   | Margarida Nunes

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