Pedro Moura, o músico que é Ar de signo e vai ser sempre Ar


Pedro Moura não gosta que lhe tirem fotos. 
Esta apanhou-o desprevenido. Mais natural não podia ser.


 
»»»»»»»»»»»»»»»»»  "Azul Assim Apenas", é este o nome do último álbum de Pedro Moura. O músico que nasceu no Porto, já foi roqueiro e hoje toca guitarra portuguesa e vive na Malarranha.

Pedro não pensa muito naquilo que este álbum representa. É um fechar de ciclo e um novo começo. No mundo da música, cada álbum é um reflexo do artista no momento em que foi criado. "Azul Assim Apenas" não é excepção. Este álbum marca um fechar de ciclo para o artista, um período que descreve como tristonho, em que ficou mais amargurado com as pessoas e com a cidade. O título é um indício claro desta tonalidade emocional, uma mistura de ideias antigas e novas direções, especialmente influenciadas pela colaboração com a filha e violoncelista Bruna. Daí que a autoria do disco seja o duo MOURA. Metade das músicas do disco foram co-escritas com ela, sinalizando uma viragem para um novo caminho. A guitarra, sozinha, pode parecer áspera e não oferece conforto, mas com a adição de outros elementos e a composição conjunta, o som ganha vida e complexidade.

»»»»»»»»»»»»»»»»» Influências que Moldam o Artista

As influências são diversas, mas destaca-se uma figura: Carlos Paredes. Pedro Moura começou a tocar guitarra aos 30 anos, encontrando finalmente em 2023 o tempo para se dedicar profundamente a este instrumento desafiador. Aprendeu a tocar guitarra imitando as músicas de Paredes, que representa para ele um ícone instrumental e nacional.

O rock também desempenhou um papel fundamental na sua formação musical. Desde jovem, esteve imerso em sons barulhentos e rebeldes, o que se refletiu na aproximação à guitarra elétrica. Sendo filho de um músico sempre teve instrumentos em casa. O meio é quase tudo. Está tudo lá e foi assim que se foi fazendo músico. Mesmo antes de saber que o seria.

Apesar da influência do rock, a sua trajetória levou-o até ao conservatório. Aos 18 anos decidiu dedicar-se ao estudo da música clássica, do piano e a explorar a literatura musical, enriquecendo ainda mais o seu repertório.

Esteve ligado à musica instrumental quase até aos 30 anos, fazendo concertos em Portugal de lés a lés. Um dia perdeu o encanto da estrada e virou agulhas para a produção para televisão e para publicidade. Encontrou aqui grande satisfação porque era muito mais livre, liberto do colete apertado dos horários. Quinze anos mais tarde nasce a Trupe dos Bichos, uma associação que se dedica ao trabalho para crianças, uma vocação que Pedro Moura foi descobrindo em si.

Num processo de metamorfose, a pessoa e o músico vão-se transformando, novas necessidades vão nascendo. Nos dias de hoje, a vontade de permanecer num sítio é cada vez maior.  Pouca é a vontade de sair do Alentejo, onde vive, e ir à cidade. A vontade agora é de começar a desenvolver projectos locais, porque acha que há muito para fazer no interior do país. Há pessoas interessantíssimas, com uma energia muito bonita.

Bonita é também a sua última criação, a Editora Malarranha que, nos próximos anos, irá editar o grande acervo musical do músico, de natureza muito eclética, desde música eletrónica a música instrumental e ensembles com cordas.

»»»»»»»»»»»»»»»»» O Processo de Composição: Entre Emoção e Técnica

O processo de composição é multifacetado e orgânico. Não segue um método específico. Pode começar com um riff, uma ideia ressonante, uma melodia que surge ou até o canto de um pássaro. A técnica, essa, é crucial para criar, para além de afinar os instrumentos e garantir a compatibilidade das escalas. A inspiração, muitas vezes inexplicável, emerge das emoções e circunstâncias de vida, transformando melodias simples em composições profundas, e não se faz ideia de que mecanismo é que está por detrás.

»»»»»»»»»»»»»»»»» Raízes na Música desde a Infância

A paixão pela música despertou cedo, sendo Pedro filho de um músico. Compôs a primeira melodia aos 7 anos, embora só aos 12 tenha realmente sentido que a música era o seu destino. Quando o pai de Pedro Moura descobriu que "filho de peixe também sabe nadar", desencorajou o filho de seguir uma carreira musical. Queria para ele uma carreira mais bem remunerada. No entanto, a rebeldia e a paixão pelo conhecimento e pela música prevaleceram.

»»»»»»»»»»»»»»»»» "Malarranha": Um Hino ao Renascimento

"Malarranha" é um tema alegre e vibrante, representando um renascer. Com uma introdução magnífica de Bruna, o tema exala boas vibrações e celebra a natureza e a beleza do local onde o músico vive actualmente. Malarranha, o lugar, simboliza a transformação e a vontade de se reinventar, longe da decadência da cidade.

»»»»»»»»»»»»»»»»» Malarranha: A Editora e os Desafios Futuros

O espírito empreendedor levou à criação da editora Malarranha, um projeto local que visa transcender o trabalho musical. Abomina a centralização do investimento nas grandes cidades e acredita no potencial do interior. O objetivo é desenvolver projetos locais, formando pessoas e aproveitando os recursos disponíveis.

Nesta nova vida, conheceu muitas novas pessoas, como Custódia Casanova, presidente da junta de freguesia de Pavia, cuja energia positiva e acolhimento, como a de tantas outras pessoas da terra, são inspiradores. O projeto Malarranha está em movimento, com a intenção de criar e promover eventos locais, valorizando as pessoas e a comunidade, contribuindo para o desenvolvimento do interior do país.


»»»»»»»»»»»»»»»»» Conclusão

"Azul Assim Apenas" é mais do que um álbum. É um testemunho da jornada de um artista que, através da música, encontrou uma forma de expressar as suas emoções e experiências. A colaboração com Bruna e a criação da editora são sinais de um renascimento contínuo, sempre com o pensamento em constante movimento e os olhos no futuro.
 

 Centro Cultural de Belém | 2023
 


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