A Adega Vitor Marques, onde se produz o tradicional vinho de talha

Num dia frio e ensolarado de Janeiro, o Casal Marques recebeu-me na sua Adega para me contar a sua história de amor ao vinho de talha de Cabeção.

Enquanto esperei que me abrissem o portão pude observar o hectare de vinha bem cuidada da Tapada Mouca, logo à entrada da Vila. Mal eu sabia que ali se encontravam vinhas com mais de 100 anos.

Entretanto aparece Antónia Marques, que me abre as portas da sua propriedade e me acolhe com simpatia enquanto esperamos por Vitor, seu esposo. Quando aparece cumprimenta-me com um aperto de mão, que à saída passará a dois beijos no rosto. Convida-me a entrar na adega. E eis que sou apresentada às Damas de barro, onde há centenas de anos se produz bom vinho de talha Uma adega destas é um mundo de cores quentes e aromas de terra. Nada aqui nos deixa indiferentes.

Antónia e Vítor contam-me, então, a sua história. Juntos produzem vinho de talha em Cabeção há 40 anos. Hoje apresentam com orgulho os seus vinhos branco e tinto, saídos das suas vinhas da Tapada Mouca.

Começaram a produzir em família, pelo prazer de fazer vinho e partilhar com os amigos. Diz Vítor que "tudo começou com um sonho de menino em um dia ter uma pequena vinha e fazer vinho. Mais tarde tive a felicidade da "moça " que se tornou minha esposa comungar do mesmo gosto, no que fomos ajudados pela família."

Contam que a primeira vez que produziram vinho juntos, enquanto casal, choraram os dois de alegria por cima da mesa de ripanço, depois de terem desengaçado as uvas. É uma verdadeira história de amor que vivem juntos há muitos anos, sendo ambos apaixonados por manter uma tradição ancestral. Diria que um vinho feito assim é poesia engarrafada.

 
Das suas vinhas sai uma média anual de 1500 litros de vinho, de castas muito variadas. Nos brancos destacam-se Fernão Pires, Tamarez e Cachudo. Nos tintos predominam as castas Aragonez, Mureto, Touriga nacional, Castelão e Trincadeira.

A adega está cheia de história, exibindo talhas centenárias, atofadores, grandes alguidares de barro para a abertura das talhas e um azulejo tradicional português com o nome da adega. Ali se sente o amor deste casal pelo vinho, pela produção vinícola, por um método criado pelos romanos que o Alentejo, e particularmente Cabeção, tão bem souberam preservar até aos nossos dias.

 
As talhas estão cuidadosamente dispostas a Norte, junto à janela cimeira no branco muro da adega, para assim ficarem resguardadas do calor quando o sol vai a pique. É que um bom vinho é avesso a temperaturas elevadas durante o processo de fermentação.

Provei o branco e o tinto, dois bons vinhos que recomendo. Gosto mais de branco, mas isso são preferências pessoais que não me impedem de apreciar a qualidade do tinto. 

O casal Marques tem como grande sonho transmitir aos filhos e netos o gosto por manter a tradição da produção de vinho em talhas de barro. Pelo que vi no dia da 26ª Prova de Vinho de Talha de Cabeção, o filho https://www.facebook.com/José Vitor já se deixou enfeitiçar por esta arte e não deixará morrer a tradição.

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