CAP um projeto social, histórico e cultural por Pavia

 


Logotipo da CAP, recuperando os três triângulos da Placa de Grés encontrada na Anta-Capela

 

  

1 - Como nasceu a Plataforma - Confraria dos Amigos de Pavia - e quando?

 

A ideia de criar um grupo ou clube de amigos - futura Confraria dos Amigos de Pavia ou CAP - nasceu precisamente no dia 4 de setembro de 2010 no decorrer do primeiro encontro/jantar entre amigos das gerações de 70, 80 e 90, fazendo regressar a Pavia alguns que não a visitavam há mais de 20 anos. Entre estes e seus familiares, marcaram presença 55 pessoas, sendo 10 delas crianças, além de muitos outros que se juntaram posteriormente para convívio na noite de espetáculo das festas populares. Pretendia-se fazer regressar as pessoas às suas origens - a Pavia - ao que nos fez crescer em amizade, alegria, paixão e felicidade.

 

E foi assim que foi assumido o compromisso de o repetir anualmente, sempre no sábado das festas em Honra do Santíssimo Sacramento.


Na primeira fase, foram apenas as pessoas destas gerações, mas na segunda fase, foram integrados amigos de todas as gerações de forma a alargar o projeto a nível nacional e até internacional. Basicamente, pretendia-se chegar a amigos que estão longe, em outros países, mas que sentem um amor pela terra e não têm nenhuma forma de a recordar. Era fantástico partilhar uma fotografia antiga e ler os comentários ali colocados e aprender o que era desconhecido por não ser da nossa geração.


Na última fase, e até por motivo da Pandemia, a CAP deixou de organizar os encontros anuais e transformou-se numa
“Plataforma de Investigação e Dinamização do Património Megalítico, Histórico, Artístico e Cultural de Pavia”. 

 

 

2 - Quais os objetivos?

 

Apenas três - social, histórico e dinamizador.

 

Social, para apelar ao convívio entre velhos amigos e poder proporcionar laços de amizade entre os nossos filhos, tal como nos aconteceu.

 

Histórico, porque se iniciou um processo de recolha de memórias, pesquisa e investigação história e da comunidade de Pavia, um trabalho nunca antes feito, sendo recolhidas fotos de família únicas, que irão desaparecer no tempo se nada for feito, como depoimentos importantes para reinventar a nossa própria história, pois por vezes as histórias não são bem como as contam.

 

Dinamizador, porque se entendeu ser possível estimular e ajudar a criar dinamismo cultural através de eventos diferentes, para recuperar o gosto em dizer que Pavia é a nossa terra com muito orgulho. 

 

Era preciso criar o tal "like", tão usado nas redes sociais quando gostamos de algo.

 



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Simulação da Matriz de Pavia antes das grandes obras dos finais dos anos 50
 

Identificação dos locais captados por Vergílio Correia em 1914

 

 3 - Que atividades / eventos organizou?

 

Desde 2010, já muito aconteceu e tudo com sentido de voluntariado. Sem qualquer ajuda e suporte financeiro, apoiámos a realização de um encontro de Paintball, com grande participação, organizámos um jogo de futebol, algumas ações de voluntariado e mais de 20 caminhadas temáticas, com aposta no Megalitismo, Manuel Ribeiro de Pavia, Fernando Namora e nas memórias do antigo Caminho de Ferro de Pavia, apelando à participação dos nossos Amigos e seus filhos , indo à descoberta do que se vê, mas não se compreende.

 

Um exemplo é a Anta Capela de São Dinis. Todos a olhamos com admiração, mas quantos conhecem a sua verdadeira história? É conhecido que foram ali enterradas pessoas, mas poucos saberão que foi no Sábado de Aleluia de 1914 que Vergílio Correia a escavou para voltar a trazer à luz do dia, milhares de anos depois, algumas peças ligadas aos mortos, uma dela em pedra grés, completamente diferente de milhares de placas de xisto existente nas centenas de antas do Concelho e de Portugal. 

 

Estava como que incompleta, por não estar toda trabalhada. Parece um autêntico iPad.  Pena não se encontrar exposta em Pavia, no tão repetido e prometido Núcleo Museológico de Pavia.

 


Era isso que era preciso dar a conhecer às pessoas mas de maneira diferente - o nosso melhor, o que temos de bom e bonito - capaz de contribuir para o desenvolvimento local, trazer visitantes a consumir na terra e fazer despertar mentalidades, que o que temos é para mostrar com muito orgulho.

Procurámos contribuir para o desenvolvimento local, apresentando a ideia para criação de um “Pastel Rançoso de Pavia” ou um vinho “Anta-Capella”, ou outro produto regional que se pudesse comercializar para ganho dos vendedores e orgulho da comunidade.

 

Sem apoio na ideia, perdeu-se a oportunidade de Pavia e Vergílio Correia fazerem as pazes, trazendo a exposição “Itinerários de Vergílio Correia 1888-1944”, que esteve instalada na Torre do Tombo, sobre a vida e obra do arqueólogo, a Pavia.

 

 


Cartaz da exposição “Itinerário de Vergílio Correia” e Trabalho de Reconhecimento de fotografias de Pavia

 
 

Tratava-se de um conjunto de várias fotografias da coleção familiar de cerca de 3.500 fotografias em placas de vidro. De Pavia - entre 1914 e 1918 - a CAP identificou 99 fotografias, onde se destaca a fotografia dos “Meninos em Dia de Aleluia”, precisamente tirada no largo sem correto, no tal dia 11 de abril de 1914 e de escavação da Anta-Capela de São Dinis, que Vergílio eternizou. 

 

É obrigatório olhar com atenção os pormenores como pés descalços e roupas poeirentas e cosidas, mas todos com um grande sorriso.

 

 
Fizemos várias ações de voluntariado, como uma campanha para chamar a atenção pública do que ainda resta da nossa estação do Caminho de Ferro e que demora a ser recuperada e integrada na Ecopista do Ramal de Mora, uma oportunidade de desenvolvimento local.  
 

Reclamámos através de uma petição pública a construção do Museu Interactivo do Megalitismo para Pavia, terra merecedora do projeto, até porque Mora bem poderia criar um Centro Interpretativo do Ramal de Mora e explorar o lado comercial nesta área.

 

O excesso bateu à porta no evento sobre Fernando Namora - “ A vila é uma rua” onde chegaram mais de 50 pessoas para visitar Pavia. O almoço não foi realizado em Pavia, por falta de lugares das salas dos restaurantes e foram consumir a Mora.

 

A CAP apoiou e organizou o primeiro encontro da “Plataforma Portugal Megalítico”, grupo constituído por mais de 10.000 interessados no megalitismo português e trouxe a Pavia mais de 15 pessoas a visitar o nosso megalítico, a dormir e a consumir nos restaurantes. A Junta de Freguesia de Pavia apoiou o nosso evento e marcámos pontos a nível nacional e internacional, por ter sido noticiado noutros países.

 

Em 2019, e para terminar em grande, conseguimos interceder junto da TVI para vir a Pavia transmitir a missa de domingo, num direto para mais de 400.000 telespectadores. Um sucesso e orgulho para todos os que puderam assistir de longe ao que se passava em Pavia.

 

A aposta nas caminhadas foi algo desafiante. Desde o Maranhão, pelas ruas históricas de Pavia às antas da Lapeira ou ao castelo pré-histórico do Alto de Adua ou mesmo ao Museu Interativo do Megalitismo em Mora, muito foi feito com gosto e sentido de missão - todos temos de dar um pouco de nós em prol da nossa comunidade. 

 

Uma comunidade pouco participativa não vingará.  As comunidades devem ser estimuladas a participar no seu desenvolvimento local, não podem ser as instituições do Estado Português a fazer tudo. É preciso que estas saibam estimular a criatividade e participação da população, ajudar a nascer e a crescer.

 

Só assim se consegue combater eficazmente a desertificação.

 


 

4 - Porque terminou?

 

A pandemia impôs um afastamento obrigatório entre as pessoas e nascem outros gostos.

A CAP fechou a sua ação cultural no dia 31 de dezembro de 2021, 11 anos depois de ter começado, Em resumo, uma coisa podemos afirmar - nunca ninguém fez tanto como a CAP fez!

 

É tempo de voar para ajudar outras instituições a melhorar os seus projetos.

Fecha-se uma porta, abre-se uma janela.

E pode ser aqui ao lado.

 

Carlos Plácido, coordenador do projeto CAP

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