Alentejo, meu Alentejo!
«Alentejo, meu Alentejo!
Alentejo dos loiros trigais
Onde os ceifeiros cantam madrigais
Alentejo, planura sem fim
Que, todo, cabes dentro de mim
Mais do que a neve da serra
Mais do que a espuma do mar
O Alentejo é brancura
À luz branca do luar.
Solidão do Alentejo
Fontes, cruzeiros e alminhas
Cantam rolas e cigarras
No silêncio das tardinhas!
O pastor do Alentejo
Encostado ao seu cajado
Vai namorando a campina
Que é a mesa do seu gado!
Olhos vagos e profundos
Num sonho distante imersos
Há neles mais poesia
Do que num livro de versos.
Alentejo das debulhas
Das ceifas e dos montados
Dos ranchos de mondadeiras
Fiéis aos seus namorados
E do cavador tisnado
P’lo sol quente do meio-dia
Rude, branco e altivo
Fiel à sua Maria!
Alentejo dos sobreiros
Azinheiras e olivais
Alentejo, minha terra,
Eu quero-te sempre mais.
Alentejo das searas
Em Abril a ondular
E das chaminés branquinhas
Ao sol posto a fumegar.
Dos tarrinhos de cortiça
Das samarras e safões
Dos pastores e dos morais
Dos manajeiros e ganhões,
Símbolos deste Alentejo
Que eu pra bem poder cantar
Hei-de beijar a planície
De joelhos a rezar.»
“Exibiu-se no rancho de Aldeia em 1960.”
Esta cantiga faz parte do espólio de Maria Águeda, Professora do Ensino Básico, natural de Aldeia da Mata, que exerceu o Magistério em Vila Viçosa.
Foto | Karla Moura
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