A produzir vinho da talha em Cabeção há 70 anos!

 

JN | 3 de Janeiro 2020

José Freire Vieira, 90 anos, faz vinho da talha há 70. Vinho da talha não, "mel do cerrado", como é conhecido em Cabeção, Mora, terra que o viu nascer. Chamam-lhe mel porque dizem que o meu vinho é muito bom e Cerrado porque é o nome do terreno onde está situada a adega, diz o produtor ao JN.

O processo de produção do vinho da talha é um sistema ancestral romano, onde a talha ou pote de barro tem uma dupla finalidade. A produção e a armazenagem do vinho. Faz-se e guarda-se o vinho dentro do mesmo recipiente.

Quando começou a fazer vinho da talha tinha vinte anos. "Fui o primeiro família a produzir vinho. Nessa altura era tradição, em Cabeção, as pessoas terem uma adega e uma talha, Íamos de adega em adega provar o vinho dos vizinhos e eu não queria ficar atrás dos outros. Era uma competição para saber quem fazia o melhor vinho, que durava dois meses", refere.

Inicialmente José tinha apenas uma talha que guardava numa adega "emprestada" por um amigo. Tudo mudou há trinta anos quando adquiriu uma adega, situada no terreno denominado Cerrado, onde desde então se dedica a fazer vinho. Todos os anos. Como diz o ditado popular, em Cabeção há uma adega "porta sim, porta não".

Actualmente tem três talhas onde, com a ajuda do sobrinho e do genro, produz vinho tinto feito com as castas periquita, aragonês e trincadeira.






Na terra, não há prova de vinho de talha sem que não haja um petisco. Há 70 anos era o que calhava. "Um levava azeitonas, outro maçãs...era o que havia. Hoje é com camarão que se abrem as talhas.

José vive agora num lar, mas todos os dias vai à adega ver como é que está o vinho. No regresso, está bem de ver, leva sempre uma "garrafinha" para acompanhar a refeição.

Texto de Ana Luísa Delgado


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