Manuel Luís Caeiro - o poeta de Pavia

Não sei nada e nunca saberei
Que nada sei foi tudo o que aprendi
E só depois de ver tudo o que vi
É que vi que nada sei

Quis saber da Vida, saber da Lei
E quando pensei algo saber
Depois de tanto ler e de reler
Vi que sempre me enganei

Mas de nada saber estou contente
Não sei se amo toda a gente
Toda a gente merece ser amada

Não sei sonhar, mas sonho na verdade
No meio de tanta irrealidade
Só sei que não sei nada!

            Manuel Luís Caeiro de Pavia 




Manuel Luís Caeiro nasceu em Pavia a 26 de Setembro de 1931.
Filho de pais camponeses, também trabalhou no campo desde os dez aos vinte e dois anos. E foi logo a partir dos dez anos que foi reconhecido o seu talento de poeta e de prosador popular.

Em 1954 foi para Lisboa à procura de um futuro melhor, e só foi porque nos campos não havia trabalho nem futuro. (...) Regressou a Pavia onde os ares são melhores e há menos barulho, e dedicou-se, quase que inteiramente, ao grande amor da sua vida, a literatura popular. Com o apoio da Junta de Freguesia e da Câmara, começou a fazer opúsculos e a enviá-los para todo o lado, autarquias, jornais, rádio, televisão, e assim começou a ser apreciado e reconhecido.

De tal maneira que em 1984 foi convidado pelos emigrantes alentejanos no Canadá, onde foi dizer os seus poemas, e onde foi bastante aplaudido, admirado e elogiado, nos jornais, na rádio e na televisão.

Em 1988 a Câmara Municipal de Mora mandou publicar o seu primeiro livro de poemas, "Flores do Alentejo", que foi bem aceite pela crítica (...).
                               
                                  in "As Azinheiras em Flor", Poemas, Junta de Freguesia de Pavia, Prefácio
                                       Associação de Acção Cultural da Casa Museu "Manuel Ribeiro de Pavia"
                                       nº4 Agosto 1997

"Manuel Caeiro de Pavia é o nome literário do Poeta Manuel Luís Nunes Caeiro, guardador de porcos desde tenra idade, (que se impôs) como um poeta de grande inspiração e indiscutível talento."

                                                                                                                                    Aníbal Nobre

Deixo aqui um especial agradecimento a Joana Ferreira que tão gentilmente me ofereceu este material, o qual faz parte do seu imenso espólio sobre a história do Concelho de Mora.

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