Pavia Megalítico - Um diamante por lapidar
O meu primeiro artigo de opinião no blog Mora Mundus aborda um tema
que parece ter finalmente despertado interesse e entrado em moda.
Falo do “Megalitismo” no concelho de Mora, sempre com o grande destaque
a Pavia.
Comemora-se este ano 105 anos após a chegada do homem que deu o maior
impulso ao património megalítico do concelho.
O seu nome era Vergílio Correia e terá vindo a esta vila por amizade a
um colega de estudos numa universidade em Coimbra, que tinha aqui família.
Durante a estadia, Vergílio recebeu o convite para se deslocar a um
monte ali na entrada vinda de Arraiolos, chamado desde muito como “Outeiro da
Forca” onde o proprietário da herdade terá dado ordem para desmantelar as
pedras de uma anta, igual a tantas outras da região de Pavia. Era dezembro de
1913, inverno portanto.
De conversas com locais, terá recebido a informação de que à volta
desta vila existiam casas de pedra iguais às que agora vira derrubadas e – o
mais importante – de que num alto a oeste se encontrava um “castelo” dos mais
antigos dos antigos.
Vergílio demonstrou interesse em visitar o local e numa primeira
análise ao terreno, sentiu que algo de fantástico ali iria ser descoberto,
pelas provas que encontrou.
Vergílio estava totalmente rendido ao que vira por Pavia.
E num ápice, voltou a Lisboa e abordou o assunto com José Leite de Vasconcelos,
o diretor do que viria a ser anos depois o fantástico museu de arqueologia,
situado em Belém, lateral ao Mosteiro dos Jerónimos.
Vasconcelos cedeu-lhe total apoio e na primavera seguinte munido de
autorização e verba, Vergílio regressou de comboio a Pavia, para iniciar a 2ª
Campanha Arqueológica desenvolvida nesta região.
Vergílio andaria radiante com as informações que lhe passavam e
vagarosamente anota tudo o que ouve e presenciava.
Programadas as escavações nas antas e no tal “castelo” Vergílio
escavou, registou e documentou centenas de locais pré-históricos e milhares de
achados arqueológicos, que foram empalhados em caixas de madeira e reservados
em vagões do caminho de ferro da estação da vila, seguindo para o referido
museu.
Os achados pertencentes ao passado e história de Pavia, deixaram a sua
origem e razão para sempre.
E por Lisboa ficaram, estão e ficarão se nada for reclamado.
Nelas é possível ver algumas das antas da região de Pavia.
Após contacto com o responsável do projeto, foi descoberto que além das
constantes no livro, existirão mais fotografias de Pavia por Vergílio Correia.
Fotografias em modo de placa de vidro, uma beleza de arte. Num trabalho de visualização foram identificadas relacionadas com
Pavia cerca de 99 fotografias da primeira parte de uma coleção de mais de 3500
fotografias do arqueólogo.
Do espólio de Vergílio Correia, propriedade da família, foi organizada
uma exposição intitulada:
“Vergílio Correia 1888-1944, Um olhar fotográfico,
que irá viajar pelo país."
A exposição foi montada inicialmente em Lisboa -
Torre do Tombo entre Junho e Setembro de 2017 e seguirá a Beja - Museu Regional
de Beja - entre março e abril de 2018.
Julga-se que se aproxima a vez de Mora, a partir de junho 2018.
E será a partir dessa data, que poderemos finalmente assistir a um
regresso de Vergílio Correia ao concelho de Mora.
Pavia de Vergílio Correia fica apenas a uma curta distância. Chegará a
sua vez?
André Barroso
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A maioria do
trabalho desenvolvido por Vergílio está disponível no livro “El Neolítico de
Pavia” escrito em espanhol e nunca traduzido para português.
Seria um bom investimento do concelho, custear a tradução e uma
reedição do livro e disponibilizá-lo para venda no Museu do Megalitismo.
Algumas das fotos que constam do livro foram agora tornadas acessíveis
pelo Centro de Estudos Vergílio Correia, numa organização conjunta entre a
Câmara Municipal de Condeixa-a-Nova e a Associação Ecomuseu de Condeixa.
Pavia - Dia de Aleluia
11 de Abril 1914
https://fasciniodafotografia.wordpress.com/2017/09/29/vergilio-correia-um-olhar-fotografico/
https://fasciniodafotografia.wordpress.com/2017/09/29/vergilio-correia-um-olhar-fotografico/
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