À minha Mãe

Permitam-me que faça hoje, aqui, uma homenagem à minha amada Mãe, no dia do seu aniversário. 

Já lá vão doze anos que o seu coração deixou de bater. Mas os seus olhos continuam a brilhar na minha memória, o seu sorriso permanece no ar e a sua mão ainda afaga os meus cabelos, quando me ponho a sonhar com ela.






A minha mãe gostava muito de Mora. Entretinha-se a plantar flores, a colher os frutos das árvores, a olhar o campo. Estas duas singelas flores resplandeciam o verão passado nas ruas de Pavia.  Com elas presto homenagem à minha mãe, flor da minha vida.

 

Para Sempre

Por que Deus permite
que as mães vão-se embora?
Mãe não tem limite,
é tempo sem hora,
luz que não apaga
quando sopra o vento
e chuva desaba,
veludo escondido
na pele enrugada,
água pura, ar puro,
puro pensamento.

Morrer acontece
com o que é breve e passa
sem deixar vestígio.
Mãe, na sua graça,
é eternidade.

Por que Deus se lembra
— mistério profundo —
de tirá-la um dia?

Fosse eu Rei do Mundo,
baixava uma lei:
Mãe não morre nunca,
mãe ficará sempre
junto de seu filho
e ele, velho embora,
será pequenino
feito grão de milho.

Carlos Drummond de Andrade

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